Dreams Of Love
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Mães Más
Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes:
– Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer vocês saberem que aquele novo amigo não era boa companhia.
- Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: "Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar".
- Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto a vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
- Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
- Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade por suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em momentos até odiaram). Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também!
E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer:
"Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo..."
– As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais, ovos e torradas.
As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas.
E ela nos obrigava a jantar à mesa, bem diferente das outras mães que deixavam seus filhos comerem vendo televisão.
Ela insistia em saber onde estávamos a toda hora (tocava nosso celular de madrugada e "fuçava" nos nossos e-mails).
Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.
Insistia que lhe disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violava as leis do trabalho infantil. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de trabalho, que achávamos cruéis.
Eu acho que ela nem dormia à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer.
Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.
E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos.
A nossa vida era mesmo chata. Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos, tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer.
Enquanto todos podiam voltar tarde à noite, com 12 anos, tivemos que esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência: nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por qualquer crime.
FOI TUDO POR CAUSA DELA.
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos "PAIS MAUS", como minha mãe foi.
EU ACHO QUE ESTE É UM DOS MALES DO MUNDO DE HOJE: NÃO HÁ SUFICIENTES MÃES MÁS.
O Amor e a Loucura
Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre muito louca, propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE sem poder conter-se perguntou:
- Esconde-esconde? Como é isso?
- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo.
O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.
A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou por convencer a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessava por nada.Mas nem todos quiseram participar:
A VERDADE preferiu não esconder-se. "Para que, se no final todos me encontram?” - pensou.
A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela) e a COVARDIA preferiu não se arriscar.
-Um, dois, três, quatro, ...
- Começou a contar a LOUCURA.
A primeira a esconder-se foi a PRESSA que caiu atrás da primeira pedra no caminho.
A FÉ subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO que, com seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.
A GENEROSIDADE quase não conseguiu esconder-se, pois cada local que encontrava parecia perfeito para algum de seus amigos:
Se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA;
Se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ;
Se era o vôo de uma borboleta, o melhor para VOLÚPIA;
Se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE.E assim acabou escondendo-se num raio de sol.
O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano ( mentira! ela se escondeu mesmo foi atrás do arco-íris ).
E a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões.
O ESQUECIMENTO... não me recordo onde se escondeu mas isso não é o mais importante...
Quando a LOUCURA já estava lá pelos 999.999,
O AMOR ainda não havia encontrado um local para esconder-se pois todos já estavam ocupados, até que encontrou uma rosa e carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas pétalas.
- Um milhão! - terminou de contar a LOUCURA e começou a procurar.
A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos da pedra. Depois, escutou-se a FÉ discutindo zoologia com DEUS no céu.
Sentiu-se vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões.
Em um descuido, encontrou a INVEJA e claro, pode-se deduzir onde estava o TRIUNFO.
O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede e ao se aproximar de um lago, descobriu a BELEZA.
A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois estava sentada em uma cerca sem saber de que lado esconder-se...E assim foi encontrando todos:
O TALENTO entre as ervas frescas,
A ANGÚSTIA numa cova escura, a MENTIRA atrás do arco-íris (mentira! Na verdade estava no fundo o oceano) e até o ESQUECIMENTO, a quem já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.
Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local...
A LOUCURA procurou em baixo de cada rocha do planeta, atrás de cada árvore, em cima de cada montanha...
Quando estava a pondo de dar-se por vencida, encontrou um roseiral.
Pegou uma forquilha e começou a remover os ramos,
Quando no mesmo instante, escutou um grito de DOR.
Os espinhos haviam ferido o AMOR nos olhos.
A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se.
Chorou, rezou, implorou, pediu desculpas e perdão e prometeu ser seu guia eternamente...
Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na Terra:
O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.”.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Metade
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Pois metade de mim é partida
A outra metade é saudade
Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Pois metade de mim é o que ouço
A outra metade é o que calo
Que a minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
A outra metade um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
Que me lembro ter dado na infância
Pois metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade não sei
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Pois metade de mim é abrigo
A outra metade é cansaço
Que a arte me aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar
Pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Pois metade de mim é plateia
A outra metade é canção
Que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também
Oswaldo Montenegro
Pai Nosso
Se em minha vida não ajo
como filho de Deus, fechando meu coração ao amor. Será inútil dizer:
Pai nosso.
Se os meus valores são
representados pelos bens da terra.
Será inútil dizer:
Que estais no céu.
Se penso apenas em ser cristão
por medo, superstição e comodismo.
Será inútil dizer:
Santificado seja o vosso nome.
Se acho tão sedutora a vida aqui,
cheia de supérfluos e futilidades.
Será inútil dizer:
Venha a nós o vosso reino.
Se no fundo o que quero mesmo é
que todos os meus desejos se realizem. Será inútil dizer:
Seja feita a vossa vontade.
Se prefiro acumular riquezas,
desprezando meus irmãos que passam fome. Será inútil dizer:
O pão nosso de cada dia nos dai
hoje.
Se não importo em ferir,
injustiçar, oprimir e magoar aos que atravessam o meu caminho. Será inútil
dizer:
Perdoai as nossas ofensas, assim
como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
Se escolho sempre o caminho mais
fácil, que nem sempre é o caminho certo. Será inútil dizer:
E não deixes cair em tentação.
Se por minha vontade procuro os
prazeres materiais e tudo o que é proibido me seduz. Será inútil dizer:
Livrai-nos do mal.
Se sabendo que sou assim,
continuo me omitindo e nada faço para me modificar. Será inútil dizer:
Amém.
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