segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O Que eu Desejo pra Você

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconsequentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barroErguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.



(Original de Victor Hugo adaptado por Vinícius de Morais)

Mães Más

Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes:
– Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer vocês saberem que aquele novo amigo não era boa companhia.
- Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: "Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar".
- Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto a vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
- Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
- Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade por suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em momentos até odiaram). Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também!
E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer:
"Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo..."
– As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais, ovos e torradas.
As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas.
E ela nos obrigava a jantar à mesa, bem diferente das outras mães que deixavam seus filhos comerem vendo televisão.
Ela insistia em saber onde estávamos a toda hora (tocava nosso celular de madrugada e "fuçava" nos nossos e-mails).
Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.
Insistia que lhe disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violava as leis do trabalho infantil. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de trabalho, que achávamos cruéis.
Eu acho que ela nem dormia à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer.
Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.
E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos.
A nossa vida era mesmo chata. Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos, tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer.
Enquanto todos podiam voltar tarde à noite, com 12 anos, tivemos que esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência: nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por qualquer crime.
FOI TUDO POR CAUSA DELA.
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos "PAIS MAUS", como minha mãe foi.
EU ACHO QUE ESTE É UM DOS MALES DO MUNDO DE HOJE: NÃO HÁ SUFICIENTES MÃES MÁS.
Dr. Carlos Hecktheuer - Médico Psiquiatra

O Amor e a Loucura




"Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos e qualidades dos homens em um lugar da terra.
Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre muito louca, propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE sem poder conter-se perguntou:
- Esconde-esconde? Como é isso?
- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo.
O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.
A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou por convencer a DÚVIDA e até mesmo a APATIAque nunca se interessava por nada.Mas nem todos quiseram participar:
VERDADE preferiu não esconder-se. "Para que, se no final todos me encontram?” - pensou.
A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela) e a COVARDIA preferiu não se arriscar.
-Um, dois, três, quatro, ...
- Começou a contar a LOUCURA.
A primeira a esconder-se foi a PRESSA que caiu atrás da primeira pedra no caminho.
A subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO que, com seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.
A GENEROSIDADE quase não conseguiu esconder-se, pois cada local que encontrava parecia perfeito para algum de seus amigos:
Se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA;
Se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ;
Se era o vôo de uma borboleta, o melhor para VOLÚPIA;
Se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE.E assim acabou escondendo-se num raio de sol.
O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano ( mentira! ela se escondeu mesmo foi atrás do arco-íris ).
E a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões.
O ESQUECIMENTO... não me recordo onde se escondeu mas isso não é o mais importante...
Quando a LOUCURA já estava lá pelos 999.999,
AMOR ainda não havia encontrado um local para esconder-se pois todos já estavam ocupados, até que encontrou uma rosa e carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas pétalas.
- Um milhão! - terminou de contar a LOUCURA e começou a procurar.
A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos da pedra. Depois, escutou-se a discutindo zoologia com DEUS no céu.
Sentiu-se vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões.
Em um descuido, encontrou a INVEJA e claro, pode-se deduzir onde estava o TRIUNFO.
O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede e ao se aproximar de um lago, descobriu a BELEZA.
A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois estava sentada em uma cerca sem saber de que lado esconder-se...E assim foi encontrando todos:
TALENTO entre as ervas frescas,
ANGÚSTIA numa cova escura, a MENTIRA atrás do arco-íris (mentira! Na verdade estava no fundo o oceano) e até o ESQUECIMENTO, a quem já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.
Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local...
A LOUCURA procurou em baixo de cada rocha do planeta, atrás de cada árvore, em cima de cada montanha...
Quando estava a pondo de dar-se por vencida, encontrou um roseiral.
Pegou uma forquilha e começou a remover os ramos,
Quando no mesmo instante, escutou um grito de DOR.
Os espinhos haviam ferido o AMOR nos olhos.
A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se.
Chorou, rezou, implorou, pediu desculpas e perdão e prometeu ser seu guia eternamente...
Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na Terra:
O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.”.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Metade

  
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Pois metade de mim é partida
A outra metade é saudade

Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Pois metade de mim é o que ouço
A outra metade é o que calo

Que a minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
A outra metade um vulcão

Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
Que me lembro ter dado na infância
Pois metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade não sei

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Pois metade de mim é abrigo
A outra metade é cansaço

Que a arte me aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar
Pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Pois metade de mim é plateia
A outra metade é canção
Que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também

Oswaldo Montenegro

Pai Nosso

Se em minha vida não ajo como filho de Deus, fechando meu coração ao amor. Será inútil dizer:

Pai nosso.

Se os meus valores são representados pelos bens da terra.
Será inútil dizer:

Que estais no céu.

Se penso apenas em ser cristão por medo, superstição e comodismo.
Será inútil dizer:

Santificado seja o vosso nome.

Se acho tão sedutora a vida aqui, cheia de supérfluos e futilidades.
Será inútil dizer:

Venha a nós o vosso reino.

Se no fundo o que quero mesmo é que todos os meus desejos se realizem. Será inútil dizer:

Seja feita a vossa vontade.

Se prefiro acumular riquezas, desprezando meus irmãos que passam fome. Será inútil dizer:

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Se não importo em ferir, injustiçar, oprimir e magoar aos que atravessam o meu caminho. Será inútil dizer:

Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

Se escolho sempre o caminho mais fácil, que nem sempre é o caminho certo. Será inútil dizer:

E não deixes cair em tentação.

Se por minha vontade procuro os prazeres materiais e tudo o que é proibido me seduz. Será inútil dizer:

Livrai-nos do mal.

Se sabendo que sou assim, continuo me omitindo e nada faço para me modificar. Será inútil dizer:

Amém.

sábado, 12 de dezembro de 2015


Vida...

“Já perdoei erros quase imperdoáveis,

Tentei substituir pessoas insubstituíveis,

E esquecer pessoas inesquecíveis”.

Já fiz coisas por impulso,

Já me decepcionei com pessoas.

Quando nunca pensei me decepcionar,

Mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,

Já dei risada quando não podia,

Já fiz amigos eternos,

Já amei e fui amado,

Mas também já fui rejeitado.

Já fui amado e não soube amar.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,

Já vivi de amor e fiz juras eternas,

Mas "quebrei a cara" muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,

Já liguei só pra escutar uma voz,

Já me apaixonei por um sorriso,

Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e...

...Tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)!

Mas sobrevivi!

E ainda vivo!

Não passo pela vida...

E você também não deveria passar.

Viva!!!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,

Abraçar a vida e viver com paixão,

Perder com classe e vencer com ousadia,

Porque o mundo pertence a quem se atreve e

A VIDA É MUITO Para ser insignificante.


Charles Chaplin

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Quase...

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata,
Trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda,
Quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, 
Nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel 
Por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna;
Ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor,
Sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas,
Os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, 
Apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance,
Para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, 
Fazendo que planejando, vivendo que esperando,
Porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.


Sarah Westphal